Sou uma pessoa de poucas palavras e muitas entrelinhas..

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Jekill and Hide...




“Não lhe cresceram garras,pelos ou enormes caninos. Monstruosa,tornou-se a expressão do seu olhar,pois nela estava contido todo o ódio do mundo.”

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mutação sob o luar




Manto negro

Não há Lua ou estrelas

Piso na areia molhada, fria

Arrepios percorrem o meu corpo

O vento cortante ensurdece

O mar bravio me chama

As nuvens, então, abrem espaço

E a Lua brilha, plena

Lua, cintila sobre mim e meu mar!

Navego em ondas

Tal qual serpente

Serpentina

Sou veloz, raio de luz submerso

Cometa marinho

Súbito busco o luar

Mas não necessito de ar

Volto só para exibir meu rabo de peixe

Prata, reluzente

Solto meu canto, cheio de encanto

E levo comigo, o moço bonito...







"Tsubara Wo Daite" - Mermaid Melody, Mikeru











segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Monstro do Armário





   Bela escovava as loiras madeixas, sentada em sua cama, em seu quarto de princesa. Alva tez, porcelana. Tão linda, tão frágil, em sua camisola rendada e branca, confundia-se às suas próprias bonecas.
   Deitou-se na enorme cama, ornada por belo dossel. À tênue luz da arandela pôs-se a fazer bichinhos, com as sombras de suas mãozinhas. Ria e se divertia, inocente.
   O ranger duma porta chamou-lhe a atenção. De um pulo sentou-se na cama. Coração disparado, instintivamente encolheu as pernas. Sentidos aguçados, olhos arregalados. Novo ranger de portas. Armário aberto, escancarado! Bela mal respirava, paralisada.
   Na parede em que há pouco reproduzia coelhinhos, viu passar, ligeira e fortuita, outro tipo de sombra. Ouvia barulhos, barulhinhos que mais pareciam passinhos. E que percorriam, numa rapidez alucinante, as paredes e o teto!
   Agarrou os joelhos enquanto os barulhinhos, subitamente, pararam. Uma tempestade se anunciava, trovões retumbavam ameaçadores. Um vento gelado entrava pelas frestas das janelas e atingiam-lhe as costas mas à sua frente, de algo, emanava calor.
   Apurou a visão e conseguiu distinguir na outra extremidade da cama, uma forma grotesca. Como que congelada, Bela cravou-lhe os olhos.
   Percebeu que a sombra, ainda sem rosto, se aproximava e, de repente, num clarão de um raio seguido de um estrondoso trovão, vislumbrou a terrível e monstruosa carranca!
   Bela, então, soltou um urro horrendo e abrindo uma assustadora bocarra saltou sobre a criatura e com suas súbitas garras a dilacerou e com suas enormes presas a devorou!
   Jogou a carcaça pela janela e um novo clarão iluminou seus olhos vermelhos, desgrenhados cabelos, a linda camisola manchada, rasgada pela pobre criatura que em seu derradeiro dia foi caça!






***

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Shinju e o Samurai


Rara e formosa pérola

Fruto de amor proibido

Negros cabelos,olhos de jade

Tão alva,à Lua fazia inveja

Mistura de raças,apuro do impuro

Ser indomável,sereia tão bela

Do pai,herdou a coragem

A astúcia,das entranhas da mãe

A muitos seduz,a poucos se dá

Cruzou sete mares

Seu destino traçou

Imortal se tornou





Lendária Shinju

Eis-me,teu servo

Aos teus encantos me curvo

Aos teus caprichos me rendo

Para todo o sempre

Seguirei o teu canto

Soldado fiel,eu serei

Tuas lutas,eu vencerei

Teus inimigos,derrotarei

E,se preciso for

Por ti,morrerei.







sexta-feira, 26 de março de 2010

Gotas


Bocejou enquanto lia o último relatório.Enfadonho,maldito! Exausto,já nem entendia mais nada do que estava lendo. Daria o ok e dane-se! Esticou braços e pernas e jogou a cabeça pra trás. Um pingo de água gelada caiu-lhe na testa. Acordou de vez! Raios! Sua mesa ficava bem embaixo de uma luminária. Goteira? Ali? Olhou atentamente para cima,nenhuma pista. Esperou prá ver se pingaria de novo. Nada. Hum...vai saber...

Desligou o computador,pegou suas coisas.Finalmente iria prá casa. A essa hora,provavelmente,só ele e o vigia estariam no prédio. Chamou o elevador e,enquanto esperava,olhou para trás,ainda sem entender de onde viera aquele pingo de água.

Entrou no elevador pensando na trabalheira que teria no fim de semana. Detestava ir para o sítio, não via graça nenhuma naquele fim de mundo. E ainda por cima tinha que levar a chata da cunhada a tira colo. Saiu de seus devaneios quando o elevador parou, bufou irritado e quando já ia saindo,caiu-lhe outro pingo de água gelada sobre a cabeça. Mas, que diabo?? Saiu apressado com os pelos do corpo eriçados. Sabia que aquilo não fazia o menor sentido mas preferiu ignorar o inexplicável. Estranha sensação,esta.

Um tanto perturbado, entrou em seu carro louco pra ir embora. Voltou a pensar no sítio, na cunhada, qualquer coisa servia. Passou pela portaria e cumprimentou o vigia. Sentiu um certo alívio ao sair do prédio. O bom das madrugadas era o sossego nas ruas, nada de trânsito engarrafado, buzinas estridentes. Começou a relaxar e até sentiu um certo prazer em dirigir,praticamente sozinho, na larga avenida.

Aquela estranha sensação havia passado. Certamente,haveria uma explicação plausível para as misteriosas gotinhas. Que bobagem,ficar assustado. Começou a rir,lembrando-se da clássica cena dos desenhos animados. Do sujeito azarado que anda com uma nuvenzinha de chuva bem em cima da cabeça. Olhou para o espelho e perguntou,divertido,será que to azarado?? Foi quando sentiu uma gélida gota de água pingar sobre sua cabeça.

Soltou um grito de pavor e perdeu o controle do carro. Tentou frear mas sobre o asfalto,subitamente molhado, o carro não obedecia. Derrapou por vários metros e foi chocar-se às pilastras de um viaduto.

No dia seguinte, seus colegas, chocados com a perda do companheiro, tentavam entender a tragédia. Uma funcionária se encarregou de limpar sua mesa, encaixotar seus objetos pessoais para entregar à família. Pobre rapaz, sempre tão simpático!

A moça,consternada, terminou a triste tarefa com um suspiro,desalentada. Passou a mão pela cadeira. É, é a vida...

Foi quando sentiu um pingo de água gelada cair sobre sua cabeça...



domingo, 3 de janeiro de 2010

Herdeiros de Lilith

Escondem-se nos becos
Confundem-se nas sombras
Senhores das trevas
Eternos, sinistros, funestos
Casta maléfica
Nobre estirpe
Machos sedutores
Devoradores de virgens
Ninfas nefastas
Putas perversas
Seguem seu mestre
Sugam os incautos
Belas e malditas criaturas
Permeiam de horror e luxúria
As noites escuras, sem Lua
Bailam e copulam
Em dantescas orgias
Escarnecem dos vivos
Escarnecem dos mortos
Oferecem a eternidade
Aos que por seu crivo passam
Algozes da humanidade
Exercem seu fascínio
Com requintes de crueldade
São os herdeiros de Lilith
Irmãos renegados